13/04/2024 as 02:30

ENTREVISTA

“Não basta ser mulher, é preciso vivenciar os desafios  da cidade...

...e ter compromisso com a luta da classe trabalhadora”

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Niully Campos | Pré-candidata à Prefeitura de Aracaju

O PSOL de Aracaju (SE) deliberou que alianças eleitorais majoritárias podem ser formadas com os partidos PT, PC do B e PV, PSB e PDT, PCB e UP. Isso faz a pré-candidata do PSOL, Niully Campos, e sua agremiação política acreditarem na possibilidade de formação de uma frente ampla de esquerda para a disputa eleitoral em Aracaju este ano. “Estamos dialogando com os partidos de esquerda para viabilizar essa construção”, disse em entrevista ao Jornal da Cidade. Niully não vê graves problemas orçamentários para resolver quadros ruins ou complicados na capital. “A prefeitura de Aracaju gastou mais de R$ 7 milhões com cachês de artistas nacionais em apenas 3 festas. O problema não é orçamentário”, comenta. Ela destaca ainda que a cidade precisa passar por um processo de mudanças reais. A pré-candidata do PSOL tem visitado os bairros e e destaca as questões urgentes: “o transporte de má qualidade, a falta de oportunidade de emprego e renda, o desespero de quem enfrenta o racismo ambiental e perde o pouco que conquista a cada período de chuva, além da falta de investimento na cultura local”.

A seguir, os principais trechos da entrevista.

Por Eugênio Nascimento

JORNAL DA CIDADE - O PSOL está unido em torno do seu nome? Hoje você é pré-candidata e será a candidata?
Niully Campos - Sim. Sem dúvida.
 

JC - De qual partido virá o seu vice? Quais partidos se aliarão ao PSOL em Aracaju?
NC - Ainda não definimos vice. Foi deliberado inclusive nacionalmente que alianças eleitorais majoritárias podem ser formadas com os partidos PT, PC do B e PV, PSB e PDT, PCB e UP. Acreditamos numa frente ampla de esquerda e estamos dialogando com os partidos de esquerda para viabilizar essa construção.

JC – A senhora pretende escolher uma mulher como vice na chapa?
NC - Aracaju precisa de mudança! E para construir uma mudança real, capaz de mexer nas estruturas da sociedade, não basta ser mulher. É preciso vivenciar os desafios da cidade e ter compromisso com a luta da classe trabalhadora. É desse lugar que falo, como mulher negra, jovem, mãe e trabalhadora.

JC - Você tem visitado os bairros de Aracaju! Tem conversado com o eleitorado?
NC - Sim. Tenho visitado as comunidades, ouvido os desafios enfrentados pelo povo. É o nosso jeito de fazer política.

JC - O que eles apontam como prioridades para você? Vai assumir essas bandeiras populares?
NC - As pessoas contam de suas lutas diárias para viver em uma cidade que só funciona na propaganda do prefeito. O transporte de má qualidade, a falta de oportunidade de emprego e renda, o desespero de quem enfrenta o racismo ambiental e perde o pouco que conquista a cada período de chuva, a falta de investimento na cultura local. Apesar de tudo isso, as pessoas têm esperança de mudança.

JC - Quais os problemas dos bairros de Aracaju hoje?  Como pretende resolvê-los?
NC - São muitos problemas. Vamos construir nosso programa apontando caminhos de mudança. Eleição é momento de diálogo honesto com o povo para construção de uma alternativa real que não sirva aos interesses dos que se comportam como donos da cidade. 

JC - Quais projetos serão prioritários em uma eventual gestão da senhora na PMA?
NC - Iniciamos na última quarta, dia 10, o nosso primeiro encontro programático, intitulado “Encontro Marielle Franco”, em que dialogamos sobre o combate às opressões na cidade. Seguiremos construindo um programa norteado pela participação do povo, da universidade, da militância, dos movimentos populares, um programa pautado na construção de uma vida melhor, mais justa, humana e sustentável nos espaços institucionais que disputamos.  Queremos uma Aracaju para todo mundo. O PSOL lançou a plataforma “Direito ao Futuro - Cidades” para auxiliar nos debates e preparação de nossas pré-candidaturas.

JC - Os servidores da PMA têm salários baixos? É preciso corrigi-los? Terá como corrigir?
NC - É preciso fazer concurso público e parar de precarizar as relações de trabalho entre o município e os servidores.  Além disso, há desrespeito ao pagamento do piso de muitas carreiras, disputas judiciais em relação a reajustes. Uma administração que pensa no bem do povo não pode desrespeitar o servidor. É preciso reabrir os canais de diálogo permanente.

JC - Aracaju é uma cidade pequena e isso facilita a solução dos problemas? Há verbas no orçamento para resolvê-los?
NC - A prefeitura de Aracaju gastou mais de 7 milhões com cachês de artistas nacionais em apenas 3 festas. O problema não é orçamentário. O problema é que o interesse público nunca esteve no centro das decisões políticas. Aracaju segue sob o comando e influência do grande capital.

JC - A senhora apostaria em um segundo turno envolvendo uma candidatura de direita x uma outra de esquerda? Por quê?
NC - Sim. A tendência das eleições majoritárias é que projetos opostos polarizem a vontade do eleitorado.

JC – Pré-candidata, a senhora está disposta a ir para os debates eleitorais deste ano? Por quê?
NC - Com certeza. Os debates são um momento importante do processo democrático, em que a população estará mais atenta à disputa eleitoral e poderá confrontar os projetos apresentados. Estarei em todos. Tomara que tenhamos muitos.